terça-feira, 28 de maio de 2013

Língua de Café da Manhã

As ruas do Oeste parecem ser tão longe, os carros passam todos dias cuspindo fumaça em estrelas escuras que se escondem em flores no deserto. Cabeças se enrolam em furacões matinais, mas Benjamim segue com seus sapatos marrons, que já muito sofreu com os passos de seus calcanhares. A esquina esfarelada de concreto indica caminhos feitos por formigas viajantes com seus blazers importados e cheirosos, quinze passos mais a frente dedos começam a sentir o cheiro de fumaça vendida em bares de café com leite. Benjamim entra na esquina da avenida central, sobe degraus de praças com estátuas de anjos que a muito foram pichados pelo coma da “religação”, fontes incompreendidas cheias de lágrimas ancestrais escorrem por entres seus pisos internos, Benjamim joga sua moeda de cinco centavos, que em uma noite achou jogada em gaveta de cuecas sujas. Benjamim observa a neblina subir nas encostas dos brejos que habitam sapos e seus seres gelados, as mãos seguram-se dentro dos bolsos que anseiam a lareira nua que atravessa o vidro do restaurante solitário e abandonado do outro lado rua. A porta se abre com a necessidade das engrenagens funcionarem por mais uma vez em décadas, ao sentar em uma das muitas cadeiras empoeiradas, senti os cupins vibrarem como toda a cadeira, a garçonete trouxe um café como de praxe, moscas rodearam com o zunir de abelhas enfurecidas, o gole quase queimou a garganta gelada e escura. Alan Vianni

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